Yara Pina
A bela morte (2019)
clarim silenciado com cinzas dos nomes de vítimas de operações
policiais e do exército no Brasil
vestígios de ação
A bela morte, chamada pelos antigos gregos de kalòs thánatos, envolvia honras e ritos fúnebres que homenageavam os heróis guerreiros com o intuito de glorificá-los e imortalizar a inscrição de seus nomes na memória social da pólis. Nesse sentido, a morte gloriosa, sua memória viva eternizada pelo canto poético do aedo, era o oposto do esquecimento. Nesta obra, proponho a bela morte como um confronto entre silêncios: o silêncio como esquecimento dos nomes daqueles que morrem pelas mãos do Estado, e o silêncio como homenagem à memória dos nomes daqueles que morrem a serviço do Estado. A ação consiste em deixar vestígios no espaço expositivo após o ato de silenciar um clarim - instrumento de sopro utilizado para executar o toque de silêncio durante as honras fúnebres prestadas aos militares – soprando as cinzas dos nomes das vítimas de operações policiais e do exército para o interior do instrumento.