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Yara Pina

Gesto antígona (2019)

sombra da artista agredida com rastelo, terra vermelha,

cinzas de Antígona de Sófocles (e de suas versões escritas  no séc. XX/XXI)

vestígios de ação

 

Tendo como referência a violação das leis dos homens por Antígona através de seu gesto político em nome de uma lei mais antiga e divina, esta ação tem como proposta rememorar seu gesto de luto através das cinzas da obra incinerada de Sófocles e de algumas versões da tragédia que foram realizadas e adaptadas por dramaturgos ao longo do século XX. Apesar das peculiaridades de seus períodos, assim como de seus contextos sociais, essas reescrituras foram produzidas durante a vigência ou ainda sobre o reflexo do fascismo, de conflitos armados e de ditaduras que deixaram, além de rastros de violência e destruição, milhares de mortos e desaparecidos. Antigone de Jean Anouilh (França, 1944), Die Antigone des Sophokles de Bertolt Brecht (Suíça, 1948), Antígona furiosa de Griselda Gambaro (Argentina, 1986), Antígona de José Watanabe e Yuyachkani (Peru, 1999) e Antígona González de Sara Uribe (México, 2012)são algumas dessas versões que denunciaram o extermínio de vidas pelo Estado e a importância do direito de sepultar dignamente os mortos. ​Após agredir minha sombra com um rastelo preencho as fissuras com cinzas até formar uma silhueta do meu corpo. A terra vermelha é então utilizada simbolicamente para deixar o rastro dos gestos de sepultamento das “Antígonas”, no momento em que utilizam suas mãos para cobrir o corpo dos mortos com a terra.

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